A primeira fase do projeto da PT na Covilhã abre hoje oficialmente as portas, inaugurando uma nova aposta da empresa que quer ser cada vez mais fornecedora de serviços de TI, transformando a operação e abrindo-se à internacionalização.
Dois anos depois de ter sido lançada a primeira pedra da construção a operadora abre a primeira fase do centro de dados que é ainda uma pequena parte do projeto global, pensado para integrar 4 edifícios. Zeinal Bava, CEO da PT Portugal e Presidente da Oi, assume na inauguração que este é um passo importante em direção à concretização do ciclo de transformação tecnológica que a PT está a desenvolver há mais de cinco anos e que sustenta uma estratégia de diferenciação da oferta da empresa.
“Este projeto não foi pensado agora, estamos a construir o futuro”, afirmou. “Se quiséssemos construir este datacenter em 2008 ninguém nos levava a sério. Tínhamos que apresentar resultados e mostrar que a nossa visão era deliverable”.
O investimento da PT nesta primeira fase do datacenter é de 90 milhões de euros, mas há ainda novas fases a construir, estando projetados mais três edifícios que só vão ser construídos se a evolução do negócio o justificar. O prazo estabelecido para este alargamento da capacidade é de dois a três anos e o TeK já detalhou outros números relevantes do novo centro de dados.
Zeinal Bava escusa-se a fazer futurologia em relação a datas, mas afirmou aos jornalistas que construir mais um bloco “já é um sucesso”, comentando que o investimento será marginal face ao que foi feito e que a construção de novos blocos será muito mais rápida porque a infraestrutura de base já foi feita.
Para já o bloco construído tem capacidade de albergar 12.500 servidores, embora esteja ainda no início e pelas contas feitas na visita guiada às salas de TI (onde não foi possível captar imagens), apenas uma pequena parte dos bastidores já instalados estivessem ocupados.
O importante é agora vender a ideia aos clientes, que podem encontrar no datacenter vários tipos de soluções, desde o puro alojamento ao pacote completo de serviços em cloud. A própria PT vai alojar neste centro de dados grande parte da sua infraestrutura, mudando para esta localização capacidade que tinha instalado noutros datacenters que serão desativados.
Para breve prazo está prevista a desativação do datacenter na Álvaro Pais, mas seguem-se mais três nesta lista, com o da Tenente Valadim, Tagusparque e Carnide já com planos de desativação. A ideia é concentrar toda a capacidade em dois grandes centros, um em Picoas e outro no novo centro da Covilhã.
Vender conceito de Cloud e internacionalizar
Zeinal Bava deixou bem claro porém que este é um centro de portas abertas, e fez questão de mostrar que já hoje são assinados contratos com clientes portugueses mas também do mercado brasileiro. E não são fechadas as portas a nenhuma empresa, como destacou citando o exemplo da WeDo, que é um dos novos parceiros a disponibilizar soluções na SmartCloud e que vem do universo Sonae.
A internacionalização do datacenter é aliás um dos grandes objetivos da PT, nas duas vertentes: servindo de base para as empresas que querem exportar, mas sendo também um centro para alojar clientes internacionais que se consigam captar no mercado europeu, africano e sul americano.
A ponte com o Brasil foi aliás largamente destacada pelo presidente da PT que também assume a liderança da Oi. Embora o mercado brasileiro não esteja no mesmo estágio de maturidade a Oi lança hoje a sua oferta de SmartCloud, alavancando a parceria industrial com a PT que já tem experiência nestes serviços.
Mas a Europa, onde há mais concorrência, faz também parte da estratégia. “Pensámos na vocação europeia e criámos ecossistema de parceiros importante para comercializar os serviços”, explicou Zeinal Bava que garante que não faz sentido abrir escritórios lá fora para isso mas usar os parceiros internacionais para vender esta capacidade, que garante ser diferenciadora face a ofertas de grandes players como a Amazon, fazendo um “acompanhamento na viagem das empresas para a cloud, com um serviço end to end”.
As PMEs mas também as médias e grandes empresas são alvo das várias soluções aqui disponíveis, mas Zeinal Bava não esconde também que este é um datacenter que foi feito a pensar na possibilidade de migração da Administração Pública portuguesa para a nuvem, citando o exemplo bem sucedido do Canadá que está a consolidar os centros de dados, e da Catalunha que tomou a decisão de consolidar processos.
Desenvolvimento a nível regional
Para a escolha da localização do datacenter na Covilhã não foi alheia a possibilidade de aceder a fundos do QREN, mas Zeinal Bava destaca também algumas características relevantes, como o próprio clima que ajuda à sustentabilidade energética, o baixo risco sísmico e a proximidade da Universidade da Beira Interior com quem a PT já estabeleceu um protocolo que permite a formação de técnicos para a área de cloud.
“Queremos que este site possa ser um cogumelo em que possamos agregar muitas pequenas empresas e desenvolver a economia”, afirmou. Para já está prevista a criação de 400 postos de trabalho diretos, que se estendem a 1000 indiretos, mesmo que agora o número de colaboradores seja ainda muito reduzido, e que muitos se desloquem dos centros de dados de Lisboa para a nova localização.
A ideia é alojar no datacenter também startups que sejam criadas aqui na zona e que possam tirar partido da capacidade instalada no centro de dados para desenvolver novos serviços.
Veja algumas imagens da construção e das instalações do novo datacenter da PT no vídeo preparado pela PT.
http://tek.sapo.pt/noticias/negocios/pt_inaugura_datacenter_na_covilha_com_olhos_p_1339224.html